sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A DEPRESSÃO E A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Vincent Van Gogh - Depressão
Há uma tendência de patologização de qualquer manifestação emocional e o resultado disso é a medicalização das questões afetivas.
Emocionalmente somos instáveis, uns dia temos um pouco mais de animo que outros, as vezes estamos mais eufóricos ou tristes que em outras situações, enfim nossa existência não é um evento programável e controlável, como alguns tentam divulgar. O mito da pílula da felicidade já caiu por terra, sabemos que é necessário uma vida harmoniosa e equilibrada para que seja saudável.
O ser-humano ao vivenciar momentos impactantes ou difíceis pode apresentar sintomas depressivos, que muitas vezes são parte de um evento existencial que promove a reestruturação mental e comportamental, principalmente quando a realidade não corresponde as suas expectativas.
A mulher pode apresentar algum sintoma depressivo no pós-parto ou na menopausa. Outra possibilidade é a idealização de determinadas situações, a ambição ou desejos incompatíveis com as possibilidades que podem causar algum tipo de depressão. Nas fases de transição, tais como adolescência, maturidade e envelhescência pode aparecer alguma sintomatologia depressiva. Situações de perda muitas vezes culminam com algum sintoma depressivo.
Tais exemplos não significam necessariamente doença e sim uma manifestação emocional de algum desconforto ou até de necessidade de melhora no estilo de vida. Portanto, vivenciar tais situações fortalece, ajuda amadurecer mudanças para uma vida mais saudável e a nossa capacidade de resiliência.
Em busca do equilíbrio do psiquismo, a Medicina Tradicional Chinesa estuda uma série de fatores emocionais e físicos que são faces de um processo dinâmico o qual estão inter-relacionados..
A integralidade da pessoa é um ponto muito importante para a Medicina Tradicional Chinesa, e a busca pelo equilíbrio físico, psicológico, espiritual e energético em vista de sua harmonia.
No estudo da depressão, é necessário detectarmos qual Zang-Fu (orgão e víscera) está em desequilíbrio, porém dependendo do nível em que se encontra, outros poderão ser atingidos, pois  os cinco elementos funcionam em um sistema integrado entre sí e relacionado com o Yin e o Yang.
Segundo a teoria dos Cinco Elementos a tristeza, sentimento característico da depressão, relaciona-se ao elemento Metal, debilitando diretamente ao Zang pulmão, com isto desabrigando a alma corpórea fator causal da confusão e apatia. Porém, os sentimentos relacionados aos Cinco Elementos  podem estar ligados aos sintomas da depressão.
Portanto, o diagnóstico enérgetico da depressão deve ser pautado na análise dos Cinco Elementos e do Yin-Yang.
cinco elementos
Devemos considerar além de dados referentes ao desenvolvimento da depressão, aos desequilíbrios energéticos e suas causas, também os hábitos alimentares, a alimentação a base de alimentos ricos em calorias e de pouco valor nutritivo favorece a ocorrência da depressão, costumes, rotina e a vida social.
Para a Medicina Tradicional Chinesa a depressão é entendida como uma baixa geral de energia circulante pelo organismo.
Vejamos como a depressão pode se manifestar em cada um dos cinco elementos:


• Depressão em Madeira:
O Fígado e a Vesícula Biliar são os acoplados deste elemento, e a emoção relacionada é a reatividade. Quando a energia de Madeira flui em harmonia  possibilita ao indivíduo as capacidades de planejamento, imaginação, criação e paciência.
O desequilíbrio em Madeira ocasiona a sensação de fracasso, a perda da motivação, a falta de objetivos, favorecendo a intolerância, o mau humor, a ira, a raiva contida, o ressentimento, a frustração, a indignação, a amargura, a irritação, sentimentos fortes e incontroláveis de frustração e apatia. Fisicamente pode ocorrer cansaço prolongado, enxaquecas, enrijecimento de músculos e tendões.


• Depressão em Fogo:
O Coração e o Intestino Delgado são os Zang-Fu acoplados deste elemento, e a emoção a eles relacionada é a alegria.
O Fogo em equilíbrio proporciona bons pensamentos, bons sentimentos, facilidade de comunicação e alegria de viver.
O indivíduo depressivo em Fogo, geralmente terá problemas afetivos ligados a rejeição e desapontamentos pessoais, a falta de alegria de viver e de inspiração, a pouco entusiasmo e a falta de interesse diante das circunstâncias vivenciadas. Fisicamente pode ocorrer má circulação, má digestão, sensação de frio e/ou calor, confusões de emoções e pensamentos.
A alegria em excesso causa euforia que dispersa o Qi (energia) do Coração tornando o indivíduo confuso e desorientado resultando em palidez, apatia, falta de vitalidade e alegria de viver.
Se os níveis de excitação forem excessivos podem provocar ansiedade que ascende o Fogo hiperestimulando a mente e desequilibrando o Qi do Coração.
A depressão em Fogo podem fazer com que os desejos não satisfeitos causem a frustração que dispersará
o Qi afetando a energia do Coração.


• Depressão em Terra:
Baço-Pâncreas e Estômago são os acoplados deste elemento, e a emoção correspondente é a reflexão.
Quando em desequilíbrio decorrente da depressão, observamos alteração do pensamento, transformado em paranoia  mudança na capacidade de reflexão, passando a ter idéias fixas, comportamentos obsessivos, seguidos de melancolia e falta de vitalidade. Fisicamente podem ocorrer alterações no peso (ganho ou perda), alteração dos ciclos alimentares e menstruais, problemas circulatórios, respiratórios ou intestinais.
A reflexão desequilibrada gera preocupação, que provoca alteração do apetite, desconforto abdominal, comprometendo a concentração e a memória, causando pensamentos ruminantes e não criativos.


• Depressão em Metal:
Pulmão e Intestino Grosso são os acoplados deste elemento, e a emoção correspondente é a tristeza.
As causas depressivas decorrem de perdas materiais, sensação de falta de proteção em relação a aspectos físicos e materiais, não aceitação do inevitável (morte ou perda material), pessimismo, nostalgia, melancolia e fragilidade emocional, apresentando choro freqüente, ferindo assim o Qi do Pulmão. Fisicamente o ritmo respiratório torna-se descontrolado, apresenta indisposição generalizada, diarréia ou prisão de ventre, problemas de garganta e esôfago.
A preocupação gera ansiedade e tristeza que vem a provocar deficiência de Qi do Pulmão, que nas mulheres, muitas vezes causa deficiência de Xue (sangue) e amenorreia.
O esgotamento do Qi do Pulmão pode também esgotar o Yin do Fígado gerando depressão e incapacidade de planejar a vida.


• Depressão em Água:
O Rim e a Bexiga são os Zang-Fu deste elemento e a emoção causada é o medo.
A ansiedade é necessária a sobrevivência e a manutenção da espécie humana. Em desequilíbrio a ansiedade dá lugar ao medo.
Quando em depressão, o medo contamina todo Xen (mente) impedindo o raciocínio, acabando com a sensação de bem-estar; causando fobias, apatia, baixa auto-estima, isolamento social e familiar e bloqueios emocionais. Fisicamente aparece palpitação, insônia, boca seca e transpiração noturna.
Por fim, segundo a Medicina Tradicional Chinesa o tratamento da depressão consiste no equilíbrio do Qi (energia) elementos através dos meridianos, tratando suas possíveis estagnações, excessos ou deficiências e trabalhando fatores relacionados aos hábitos alimentares e psicossociais que favorecem os desequilíbrios apresentados.


 A Acupuntura é um instrumento da Medicina Tradicional Chinesa, recentemente foi considerada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela ONU, o que significa dizer, que sua preservação, de suas bases e o seu valor histórico são reconhecidos e protegidos pela Organização Mundial de Saúde. 
É um recurso muito poderoso no tratamento das depressões e sem efeitos colaterais, e com resultados surpreendentes e reconhecidos pela comunidade científica ocidental. 01/01/11.

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