quarta-feira, 20 de março de 2013

A HUMANIZAÇÃO VERSUS A BIOLOGIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA


Encontramo-nos numa encruzilhada. Se caminharmos para um lado estarão os biologistas referendando o modelo da biologização humana, no qual o ser humano se constitui em um conjunto de aparelhos, digestivo, circulatório, muscular; outro caminho os humanistas, aqueles que acreditam que o ser humano está além de seus aspectos biológicos, e possui também os sociais, psicológicos e espirituais com suas nuances e singularidade; e finalmente o caminho da descrença, do individualismo, o salve-se quem puder.
Durante décadas tem sido apresentada à população brasileira a importância da competição, o prazer do consumo, a finalidade da poupança, os investimentos na bolsa, isto é, a primazia do dinheiro em relação às pessoas. Porém o efeito nocivo às relações humanas e aos seres humanos tem demonstrado o equívoco dessa ideologia.
Nesse cenário o humanismo vem despontando com possibilidade de arrefecer a selvageria do individualismo e da competitividade que o capitalismo propõe, colocando em pauta a solidariedade e a coletividade como ingrediente dessa complexidade. A biologização da saúde serve apenas aos ideais daqueles que apostam nos grandes lucros, propagada através de várias campanhas de massa, principalmente pela grande mídia.
Ao defendermos a integralidade, um dos princípios do SUS, que vem a ser atenção integral ao ser humano, defendemos como objeto de trabalho a atuação nos diversos aspectos da vida humana, inclusive os biológicos. Não esqueçamos que os princípios do SUS advêm da Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã, por suas características humanistas, isto é centrada nos cidadãos.
Não buscamos a hegemonia, muito longe disso, queremos colocar em prática a transdisciplinaridade com horizontalidade nas relações profissionais embora em algumas situações a interdisciplinaridade e até a multidisciplinaridade engatinhe. Existe uma discrepância entre setores da sociedade, no qual alguns avançam em direção ao século XXI e outros lutam para retornar ao começo do século XX.
Os ataques às profissões que defendem a integralidade e às relações profissionais horizontalizadas ocorrem principalmente por serem elas de um custo menor, e do ponto de vista econômico, quanto menos dinheiro circulando menor a possibilidade de altos ganhos e corrupção. Outro ponto é a reserva de mercado e a competitividade selvagem, que não consideram os ganhos da população com a oferta de trabalho transdisciplinar e sim apenas se preocupam com o ganho pessoal ou da corporação a qual representam.
Em nome da ciência, da qual se apropriam, buscam desprestigiar várias profissões da área da saúde, tais como: a Psicologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia entre outras; e as terapias naturais entre elas, a Acupuntura e Fitoterapia multiprofissional, a Radiestesia, a Massoterapia e as Práticas Corporais, Terapia Comunitária buscando colocá-las como suas subordinadas. O serviço Social é um capítulo à parte, porque muitas vezes sequer faz parte das equipes de saúde. Como fazer valer a Integralidade nesse cenário.
Essa discussão não pode ficar apenas nos congressos e encontros de profissionais, é preciso que chegue aos principais interessados, a população. Temos que nos unir e sair dos pequenos grupos, para que juntos e fortalecidos, estejamos prontos para essa missão.
Somos mais fortes do que temos consciência, se não temos o poder econômico, temos a convicção de nossas idéias e competência profissional. Gostaria de propor uma reflexão, pois chegou o momento de união e discussão de estratégias para o enfrentamento dessa situação.

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