Vincent Van Gogh - Depressão |
Emocionalmente somos instáveis, uns dia temos um pouco mais de animo que outros, as vezes estamos mais eufóricos ou tristes que em outras situações, enfim nossa existência não é um evento programável e controlável, como alguns tentam divulgar. O mito da pílula da felicidade já caiu por terra, sabemos que é necessário uma vida harmoniosa e equilibrada para que seja saudável.
O ser-humano ao vivenciar momentos impactantes ou difíceis pode apresentar sintomas depressivos, que muitas vezes são parte de um evento existencial que promove a reestruturação mental e comportamental, principalmente quando a realidade não corresponde as suas expectativas.
A mulher pode apresentar algum sintoma depressivo no pós-parto ou na menopausa. Outra possibilidade é a idealização de determinadas situações, a ambição ou desejos incompatíveis com as possibilidades que podem causar algum tipo de depressão. Nas fases de transição, tais como adolescência, maturidade e envelhescência pode aparecer alguma sintomatologia depressiva. Situações de perda muitas vezes culminam com algum sintoma depressivo.
Tais exemplos não significam necessariamente doença e sim uma manifestação emocional de algum desconforto ou até de necessidade de melhora no estilo de vida. Portanto, vivenciar tais situações fortalece, ajuda amadurecer mudanças para uma vida mais saudável e a nossa capacidade de resiliência.
Em busca do equilíbrio do psiquismo, a Medicina Tradicional Chinesa estuda uma série de fatores emocionais e físicos que são faces de um processo dinâmico o qual estão inter-relacionados..
A integralidade da pessoa é um ponto muito importante para a Medicina Tradicional Chinesa, e a busca pelo equilíbrio físico, psicológico, espiritual e energético em vista de sua harmonia.
No estudo da depressão, é necessário detectarmos qual Zang-Fu (orgão e víscera) está em desequilíbrio, porém dependendo do nível em que se encontra, outros poderão ser atingidos, pois os cinco elementos funcionam em um sistema integrado entre sí e relacionado com o Yin e o Yang.
Segundo a teoria dos Cinco Elementos a tristeza, sentimento característico da depressão, relaciona-se ao elemento Metal, debilitando diretamente ao Zang pulmão, com isto desabrigando a alma corpórea fator causal da confusão e apatia. Porém, os sentimentos relacionados aos Cinco Elementos podem estar ligados aos sintomas da depressão.
Portanto, o diagnóstico enérgetico da depressão deve ser pautado na análise dos Cinco Elementos e do Yin-Yang.
cinco elementos |
Para a Medicina Tradicional Chinesa a depressão é entendida como uma baixa geral de energia circulante pelo organismo.
Vejamos como a depressão pode se manifestar em cada um dos cinco elementos:
• Depressão em Madeira:
O Fígado e a Vesícula Biliar são os acoplados deste elemento, e a emoção relacionada é a reatividade. Quando a energia de Madeira flui em harmonia possibilita ao indivíduo as capacidades de planejamento, imaginação, criação e paciência.
O desequilíbrio em Madeira ocasiona a sensação de fracasso, a perda da motivação, a falta de objetivos, favorecendo a intolerância, o mau humor, a ira, a raiva contida, o ressentimento, a frustração, a indignação, a amargura, a irritação, sentimentos fortes e incontroláveis de frustração e apatia. Fisicamente pode ocorrer cansaço prolongado, enxaquecas, enrijecimento de músculos e tendões.
• Depressão em Fogo:
O Coração e o Intestino Delgado são os Zang-Fu acoplados deste elemento, e a emoção a eles relacionada é a alegria.
O Fogo em equilíbrio proporciona bons pensamentos, bons sentimentos, facilidade de comunicação e alegria de viver.
O indivíduo depressivo em Fogo, geralmente terá problemas afetivos ligados a rejeição e desapontamentos pessoais, a falta de alegria de viver e de inspiração, a pouco entusiasmo e a falta de interesse diante das circunstâncias vivenciadas. Fisicamente pode ocorrer má circulação, má digestão, sensação de frio e/ou calor, confusões de emoções e pensamentos.
A alegria em excesso causa euforia que dispersa o Qi (energia) do Coração tornando o indivíduo confuso e desorientado resultando em palidez, apatia, falta de vitalidade e alegria de viver.
Se os níveis de excitação forem excessivos podem provocar ansiedade que ascende o Fogo hiperestimulando a mente e desequilibrando o Qi do Coração.
A depressão em Fogo podem fazer com que os desejos não satisfeitos causem a frustração que dispersará
o Qi afetando a energia do Coração.
• Depressão em Terra:
Baço-Pâncreas e Estômago são os acoplados deste elemento, e a emoção correspondente é a reflexão.
Quando em desequilíbrio decorrente da depressão, observamos alteração do pensamento, transformado em paranoia mudança na capacidade de reflexão, passando a ter idéias fixas, comportamentos obsessivos, seguidos de melancolia e falta de vitalidade. Fisicamente podem ocorrer alterações no peso (ganho ou perda), alteração dos ciclos alimentares e menstruais, problemas circulatórios, respiratórios ou intestinais.
A reflexão desequilibrada gera preocupação, que provoca alteração do apetite, desconforto abdominal, comprometendo a concentração e a memória, causando pensamentos ruminantes e não criativos.
• Depressão em Metal:
Pulmão e Intestino Grosso são os acoplados deste elemento, e a emoção correspondente é a tristeza.
As causas depressivas decorrem de perdas materiais, sensação de falta de proteção em relação a aspectos físicos e materiais, não aceitação do inevitável (morte ou perda material), pessimismo, nostalgia, melancolia e fragilidade emocional, apresentando choro freqüente, ferindo assim o Qi do Pulmão. Fisicamente o ritmo respiratório torna-se descontrolado, apresenta indisposição generalizada, diarréia ou prisão de ventre, problemas de garganta e esôfago.
A preocupação gera ansiedade e tristeza que vem a provocar deficiência de Qi do Pulmão, que nas mulheres, muitas vezes causa deficiência de Xue (sangue) e amenorreia.
O esgotamento do Qi do Pulmão pode também esgotar o Yin do Fígado gerando depressão e incapacidade de planejar a vida.
• Depressão em Água:
O Rim e a Bexiga são os Zang-Fu deste elemento e a emoção causada é o medo.
A ansiedade é necessária a sobrevivência e a manutenção da espécie humana. Em desequilíbrio a ansiedade dá lugar ao medo.
Quando em depressão, o medo contamina todo Xen (mente) impedindo o raciocínio, acabando com a sensação de bem-estar; causando fobias, apatia, baixa auto-estima, isolamento social e familiar e bloqueios emocionais. Fisicamente aparece palpitação, insônia, boca seca e transpiração noturna.
Por fim, segundo a Medicina Tradicional Chinesa o tratamento da depressão consiste no equilíbrio do Qi (energia) elementos através dos meridianos, tratando suas possíveis estagnações, excessos ou deficiências e trabalhando fatores relacionados aos hábitos alimentares e psicossociais que favorecem os desequilíbrios apresentados.
A Acupuntura é um instrumento da Medicina Tradicional Chinesa, recentemente foi considerada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela ONU, o que significa dizer, que sua preservação, de suas bases e o seu valor histórico são reconhecidos e protegidos pela Organização Mundial de Saúde.
É um recurso muito poderoso no tratamento das depressões e sem efeitos colaterais, e com resultados surpreendentes e reconhecidos pela comunidade científica ocidental. 01/01/11.