quinta-feira, 28 de março de 2013

A CONTRIBUIÇÃO MILENAR DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA PARA A SAÚDE DA HUMANIDADE

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) está sendo construída ao longo dos ultimos 5.000 anos, por isso seus ensinamentos são de uma complexidade originada pelo resultado dos estudos feitos por todas estas gerações.
O Qi é o conceito central da MTC e diz respeito a energia vital ou a essência de vida que origina, nutre e coloca em funcionamento o nosso corpo físico, psicológico e espiritual, fluindo por todo corpo humano através de canais chamados meridianos

As Teorias do Yin-Yang e a dos cinco elementos são as principais ferramentas para o diagnóstico energético e tratamento dos desequilíbrios patológicos do Qi.
Os sábios chineses criaram estas teorias observando e analisando o mundo material. O TAO, que vem a ser o todo em tudo e é indivisível, em seu movimento faz surgir o Yin e o Yang, que apresentam uma estruturação de oposição em relação ao outro, formando uma composição inicial de opostos, sendo o Yin escuro, frio, direito, função, descendência e a inércia. E o Yang claro, quente, esquerdo, substância, ascendência e o movimento.
Para efeito de classificação em relação ao Yin e ao Yang, devemos comparar os objetos uns com outros, pois no TAO sempre existe um tanto Yin e outro Yang, e assim concluiremos que determinado objeto possui uma predominância Yin ou Yang em comparação a outro.
Assim sendo no universo tudo pode ser Yin ou Yang depedendo a que está sendo comparado, pois sempre existirá um oposto, sendo que suas oposições constituem o movimento natural do universo para manter o equilíbrio natural.
No ser humano quando ocorre uma desarmonia ou desequilíbrio causando uma superioridade entre o Yin ou Yang surgem as patologias.
Os cinco elementos básicos do mundo material estão em constante movimento e mudança, numa relação de interdependência e controle entre sí, formando assim o ciclo vital.
No ciclo vital a Madeira é o elemento que representa o arquétipo do nascer, crescer e desenvolver, é conhecido como a essência da vida, reside no Fígado e na Vesícula Biliar, é considerada como primordial e em torno de si movimentam-se os demais elementos.
No elemento Fogo consiste o auge do ciclo vital dos cinco elementos, simbolizando o verão, o calor, a alegria e representando a energia do Coração, do Pericárdio e do Triplo Aquecedor.
A Terra representa uma pausa no ciclo dos cinco elementos, quando o Qi está manifesto através da meditação sendo seu órgão o Baço–Pâncreas e a sua víscera o Estômago.
O Metal vem a ser o crepúsculo do ciclo vital, o órgão em que se manifesta é o Pulmão e a víscera o Intestino Grosso, e em termos emocionais é representado pela tristeza e melancolia.
A Água representa o momento que o Qi está no seu mínimo, preparando-se para o início de um novo ciclo, representado pelo frio e inverno, sua energia reside nos Rins e Bexiga.
Na MTC o equilíbrio e harmonização destas energias se dão através da Acupuntura, Fitoterapia, Dietoterapia e Práticas Corporais.

Conheça mais a respeito da Medicina Tradicional Chinesa no livro Fundamentos Essênciais da Acupuntura Chinesa Ed. Icone.13/11/09

sábado, 23 de março de 2013

MEDICALIZAÇÃO DO CAPS ITAPEVA E DO SUS

                                                      Fórum Popular de Saúde - São Paulo
Queremos noticiar, por meio deste brevíssimo texto escrito às pressas, a difícil jornada que nós, profissionais da saúde mental, temos enfrentado; em especial nestes últimos dias. O intuito aqui é transmitir que, recentemente, e mesmo não estando na ditadura, sofremos um golpe. Gostaríamos de compartilhar com outros profissionais, serviços de saúde, aos que se interessam pela saúde mental e pela defesa do SUS e movimentos sociais em defesa da vida, aos que militam ainda por uma “sociedade sem manicômios” e pela manutenção dos ideários da Reforma Psiquiátrica. E, ainda, aos psicanalistas interessados pela clínica da psicose, pelas questões da saúde pública. O evento de “caça às bruxas” que, infelizmente, estamos enfrentando neste momento no CAPS e que todos estamos cientes que faz parte de um contexto muito maior e bastante atual. Esperamos, assim, disparar uma discussão mais ampla.
O CAPS Professor Luís da Rocha Cerqueira – bastante conhecido como CAPS Itapeva - teve nos seus últimos anos sob a gestão da Organização Social SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento para a Medicina). O nome desta organização, que também gerencia outros equipamentos de saúde espalhados pela cidade de São Paulo, já sugere que a sua preocupação é bem específica. A sua administração tem comprovado que o seu interesse é exclusivamente a medicina, interesse este que não se estende aos pacientes nem tampouco à saúde mental. Explicaremos...
No início desta semana, fomos surpreendidos com a notícia de que haveria uma demissão em massa – na qual cerca de 30 profissionais em regime de CLT foram desligados abruptamente do serviço. O motivo alegado pela direção era o corte de verba realizado pela Secretaria de Estado da Saúde. Anexado a este aviso, também nos foi informado que seríamos liberados do cumprimento do aviso prévio e, ainda, que seríamos indenizados de acordo com a lei e que não precisaríamos voltar ao CAPS, ficando à direção com a incumbência de comunicar o nosso desligamento aos usuários. Obviamente, ignoramos esta última sugestão, para não dizer solicitação, recusando a desaparecer do CAPS. Desse modo, temos - além de administrar o impacto desta notícia para cada um de nós e a forma violenta como tal manobra foi feita pela direção do serviço -, nos dedicado a realizar a despedida com os nossos usuários, tentando explicar para cada um a situação, fazer o desligamento e, em alguns casos, planejar e realizar os encaminhamentos possíveis. Apesar de estar sendo um momento de expressivo sofrimento para usuários e funcionários, impossível de disfarçar, temos tentado suavizar, na medida do possível, o impacto desta situação, acolhendo os usuários que, por sua vez, têm se mostrado muito lúcidos e também acolhedores para com a equipe nesta circunstancia tão devastadora. 
Nesta reunião da direção com os funcionários que se deu em caráter de informe (não deixando nenhuma brecha para qualquer debate e esclarecimentos); aliás um, senão o único, esclarecimento que nos foi dado foi assim explicitado: uma equipe mínima se responsabilizaria pelo cuidado de mais de 500 pacientes - garantindo, então, que o CAPS não fechasse as suas portas -, e que não precisaríamos nos preocupar. Mas, isto é quase impossível para os que escolheram trabalhar em um equipamento como o CAPS, cuja missão é acompanhar intensivamente os pacientes com quadros mentais graves e seus familiares.
A nossa hipótese é que este corte de vários profissionais alocados neste CAPS foi um pretexto para fazer a “faxina”, ou seja, retirar aqueles que incomodam, que, no entender da direção, “atrapalham” porque relembram incessantemente os princípios reformistas, que entendem que o CAPS é um lugar de uma construção coletiva que leva em consideração seus usuários e profissionais para a efetuação de qualquer mudança, que enfrentam a loucura sem querer normatizá-la, que não evita os conflitos que existem em todo e qualquer ambiente institucional, que entende que os impasses na clínica podem ser promotores de avanços teóricos e, consequentemente, para a própria clínica.




Pela experiência que tivemos até então, a política da SPDM é manter a gestão separada da clinica. A sua perspectiva de trabalho é bastante médica, verificável nas mínimas condutas, Por exemplo, no início do convênio firmado com esta OSS, a direção insistia em que a triagem deveria ser uma atribuição dos médicos, desconsiderando que o acolhimento, em um modelo CAPS, é uma prática que todos os profissionais participam. Em outro momento, quiseram instituir um programa em parceria com a UNIFESP que, no CAPS, denominaram de “Programa de Esquizofrenia Refratária”, que caracterizaria por um grupo que atuaria junto aos pacientes com diagnóstico de esquizofrenia em uso de clozapina. Sempre aprovamos que o serviço pudesse usufruir do que há de melhor em termos de medicamentos, mas não apoiamos sobremaneira as ações e programas cujo recorte é a doença, pois estas propostas correm na contramão de um CAPS. Foram vários enfrentamentos da equipe com a direção que nos mostravam todos os dias um desconhecimento das balizas que norteiam o nosso trabalho. E mais grave: desconhecem a premissa fundamental do CAPS, a saber: a instituição é um recurso da clínica e não apenas um espaço físico para alojar loucos. Assim, a conseqüência é que temos vivido, sobretudo, com esta experiência, que a direção não faz questão de que a instituição seja hospitaleira, pois desconsidera os princípios mais básicos para uma relação de convivência com a diferença, que prima pelo respeito e pela reciprocidade.
A nossa hipótese é de que com essas mudanças todas, eles até poderão continuar a se nomear CAPS (e receberem muito por isso), mas será a realização de uma outra proposta: um ambulatório, um centro de referência, um centro de especialidades, um setor de hospital, um estacionamento (como ironizou uma ex-servidora) ou qualquer outra coisa, menos um CAPS.
Infelizmente, o que temos assistido é que o CAPS Itapeva – que carrega uma história tão longa no campo da saúde mental e também na formação de profissionais -, tem sido desmontado por meio de muitas estratégias (que aqui não daria para esmiuçar), sendo a demissão em massa apenas uma delas. Ambicionando um ambiente asséptico em que não cabe nenhuma espécie de discordância e conflito, esta administração não coloca a clínica em primeiro lugar. Ademais, despreza as diretrizes e princípios estipulados pelas portarias ministeriais, o que enfraquece o SUS. Com a saída maciça de profissionais, muitos projetos, oficinas, grupos, atendimentos, equipes, parcerias institucionais e intervenções no território foram encerrados; destruindo, em nossa opinião, em um tempo tão curto, investimentos de tantos anos. A execução das demissões tem redundando numa série de desdobramentos e o que constatamos é que o maior ataque é dirigido ao próprio CAPS, já que a instituição não é o espaço físico somente, mas são as pessoas, os profissionais e os pacientes que animam esta clínica, bem como as práticas e os acontecimentos construídos cotidianamente e compartilhados coletivamente... 
Cabe ainda dizer que, mais do que garantir os nossos empregos ou lutar por condições mais dignas e favoráveis de trabalho no campo da saúde, a nossa intenção com este texto é manifestar publicamente a nossa insatisfação com esta situação e, sobretudo, defender o CAPS. Em se tratando do Itapeva, o CAPS mais antigo do Brasil, o primeiro a experimentar a clínica ampliada, que alojou àqueles que participaram da sua invenção (antes mesmo deste projeto se constituir como lei) e que estavam atravessados pelas experiências de Reforma no mundo, a saber: a psicoterapia institucional francesa, a desistitucionalização italiana, dentre outras; e que fizeram valer, desde 1987, a proposição de Basaglia de que é possível e desejável uma clínica que coloque a doença entre parênteses e cujo foco seja a existência/sofrimento, e que, no dizer dos simpatizantes da psicanálise, uma clínica cujo foco é o sujeito.
Enfim, a nossa indignação pode ser ainda explicitada com estas perguntas: Como essas pessoas - impregnadas por um discurso médico e psiquiatrizante, que estiveram ao longo de seus itinerários formativos e de trabalho, tão alienadas destes movimentos históricos e sociais, especialmente, da reforma psiquiátrica, movimento este que dá norte a todos os CAPS -, podem gerenciar este projeto? Como entregar nas mãos desses que se dizem especialistas em cuidar de pacientes com “transtornos mentais graves” (como eles gostam de dizer) e, que ao fazer o gerenciamento do serviço a seu bel prazer, desconsideram o vínculo? Como deixar que estes gestores administrem um equipamento deste porte como uma empresa e não como um serviço de saúde, viabilizando ações que banalizam os efeitos da ruptura para os pacientes psicóticos? Que tipo de lugar tem a clínica para eles? Qual o compromisso com os usuários? O que fazer para impedir esse desmantelamento de um trabalho coletivo construído há anos cuja aposta é fortalecer uma clínica artesanal, inevitavelmente implicada com as ações e com o desejo de cada um? Em suma, como aceitar tamanha contradição?

quarta-feira, 20 de março de 2013

A HUMANIZAÇÃO VERSUS A BIOLOGIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA


Encontramo-nos numa encruzilhada. Se caminharmos para um lado estarão os biologistas referendando o modelo da biologização humana, no qual o ser humano se constitui em um conjunto de aparelhos, digestivo, circulatório, muscular; outro caminho os humanistas, aqueles que acreditam que o ser humano está além de seus aspectos biológicos, e possui também os sociais, psicológicos e espirituais com suas nuances e singularidade; e finalmente o caminho da descrença, do individualismo, o salve-se quem puder.
Durante décadas tem sido apresentada à população brasileira a importância da competição, o prazer do consumo, a finalidade da poupança, os investimentos na bolsa, isto é, a primazia do dinheiro em relação às pessoas. Porém o efeito nocivo às relações humanas e aos seres humanos tem demonstrado o equívoco dessa ideologia.
Nesse cenário o humanismo vem despontando com possibilidade de arrefecer a selvageria do individualismo e da competitividade que o capitalismo propõe, colocando em pauta a solidariedade e a coletividade como ingrediente dessa complexidade. A biologização da saúde serve apenas aos ideais daqueles que apostam nos grandes lucros, propagada através de várias campanhas de massa, principalmente pela grande mídia.
Ao defendermos a integralidade, um dos princípios do SUS, que vem a ser atenção integral ao ser humano, defendemos como objeto de trabalho a atuação nos diversos aspectos da vida humana, inclusive os biológicos. Não esqueçamos que os princípios do SUS advêm da Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã, por suas características humanistas, isto é centrada nos cidadãos.
Não buscamos a hegemonia, muito longe disso, queremos colocar em prática a transdisciplinaridade com horizontalidade nas relações profissionais embora em algumas situações a interdisciplinaridade e até a multidisciplinaridade engatinhe. Existe uma discrepância entre setores da sociedade, no qual alguns avançam em direção ao século XXI e outros lutam para retornar ao começo do século XX.
Os ataques às profissões que defendem a integralidade e às relações profissionais horizontalizadas ocorrem principalmente por serem elas de um custo menor, e do ponto de vista econômico, quanto menos dinheiro circulando menor a possibilidade de altos ganhos e corrupção. Outro ponto é a reserva de mercado e a competitividade selvagem, que não consideram os ganhos da população com a oferta de trabalho transdisciplinar e sim apenas se preocupam com o ganho pessoal ou da corporação a qual representam.
Em nome da ciência, da qual se apropriam, buscam desprestigiar várias profissões da área da saúde, tais como: a Psicologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia entre outras; e as terapias naturais entre elas, a Acupuntura e Fitoterapia multiprofissional, a Radiestesia, a Massoterapia e as Práticas Corporais, Terapia Comunitária buscando colocá-las como suas subordinadas. O serviço Social é um capítulo à parte, porque muitas vezes sequer faz parte das equipes de saúde. Como fazer valer a Integralidade nesse cenário.
Essa discussão não pode ficar apenas nos congressos e encontros de profissionais, é preciso que chegue aos principais interessados, a população. Temos que nos unir e sair dos pequenos grupos, para que juntos e fortalecidos, estejamos prontos para essa missão.
Somos mais fortes do que temos consciência, se não temos o poder econômico, temos a convicção de nossas idéias e competência profissional. Gostaria de propor uma reflexão, pois chegou o momento de união e discussão de estratégias para o enfrentamento dessa situação.

terça-feira, 19 de março de 2013

TRANSPORTE PÚBLICO, TARIFA ZERO

O transporte é um serviço público essencial e necessário para garantir o direito de ir e vir de toda população nas cidades, principalmente numa cidade como São Paulo, com uma mobilidade reduzida e falta de meios adequados em termos de qualidade e quantidade. Quando se entra em uma unidade de saúde pública, não passa pela cabeça dos usuários pagar pelo atendimento médico ou pelos medicamentos. A escola pública é entendida também como um direito fundamental do cidadão e não deve ser cobrado.
Não é possível acessar esses direitos fundamentais se o transporte público é tarifado. E ainda com uma tarifa de R$ 3,00 ônibus e metro.
O transporte público precisa ser considerado como um direito fundamental do cidadão por assegurar o acesso aos demais direitos como, por exemplo, a saúde e a educação. Para exercer sua cidadania e utilizar os serviços públicos, a população necessita de um transporte público de qualidade, gratuito e acessível a toda população.
Precisamos acabar com o preconceito de que tudo que é público não tem qualidade, esse é um dos argumentos. Afinal o transporte público que temos, não é nem público e nem gratuito e mesmo com a Tarifa Zero será paga através dos impostos, isto é indiretamente, da mesma forma que a saúde e a educação, através de um fundo de transportes, criado com a finalidade de financiar o sistema.
E muito grande o número de pessoas que para acessar seu trabalho, ir a um hospital ou à escola caminham quilômetros por dia por não terem condições de pagar a tarifa.
Estudos devem ser feitos prevendo o aumento do número de pessoas que passarão a utilizar o sistema com a adoção da Tarifa Zero, pela migração de parte dos usuários que usam carros e o aumento da frota de ônibus e metro.
A fonte de recursos para compor o Fundo Municipal de Transportes deverá ser composto pelos impostos já arrecadados pelo governo municipal, que a cada ano aumenta, porém os recursos devem ser destinados exclusivamente pra esse fim. Não podemos nos esquecer que o combate a corrupção é um tema a ser enfrentado no Brasil antes de se pensar em aumento de impostos e não podemos aceitar como desculpa para veto à Tarifa Zero.
A mobilidade social, sem discriminação de classe social é uma forma de promover a justiça social e assegurar esse direito é nosso dever.
Afinal como podemos ver escrito nos ônibus na Cidade de São Paulo:
“Transporte é um Direito de Todos e um Dever do Estado”.
 Juntos vamos fazer valer essa frase.15/11/11



segunda-feira, 4 de março de 2013

QUALIFICAÇÃO INTERNACIONAL EM ACUPUNTURA


Em 2008 participei da prova de qualificação, aprovado fiquei muito honrado em receber o título internacional de Doutor em Acupuntura da WFAS e gostaria de dividir com todos a alegria e satisfação daquele momento.24/04/10.

sexta-feira, 1 de março de 2013

DRª NISE DA SILVEIRA


Minha homenagem a grande Psiquiatra brasileira Nise da Silveira como um ícone da luta pela igualdade de gênero no Brasil e de direitos humanos no tratamento de pessoas com transtornos psíquicos.

Nise e um co-terapeuta
Nise nasceu em 15 de fevereiro de 1905 em Maceio, Alagoas, numa época que o estudo de Medicina por mulheres era praticamente nulo, cursou na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo a única entre 157 homens, graduou-se em 1926.
Resolveu especializar-se em psiquiatria, outra ousadia, e daí por diante aprovada em um concurso público, começou sua carreira no Hospital Psiquiátrico da Praia Vermelha no Rio de Janeiro em 1933.
Discípula de Carl Jung e desde 1944 no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, inaugurou a seção de Terapia Ocupacional (T.O.) do hospital em 1946, no lugar de colocar seus pacientes em tarefas de limpeza e manutenção como era praxe em T.O., criou ateliês com proposta de trabalhos em pintura e modelagem, tendo como objetivo reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade.
Foi um passo muito importante para a criação de um novo paradigma no tratamento de pessoas com transtornos psíquicos, no auge do eletrochoque, insulinoterapia, lobotomia e demais tratamentos biológicos que no futuro foram percebidos como contrários aos direitos e dignidade humanas e que Nise não aceitava praticar.
No lugar de cirurgias e choque elétricos no cérebro, ofereceu pincéis, argila, tintas, quadros aos esquizofrênicos e demais usuários do hospital. Mais adiante em 1952 fundou o Museu de Imagens do Inconsciente no Rio de Janeiro e um Centro de Estudos e Pesquisas destinado a preservação dos trabalhos elaborados pelos usuários dos ateliês de pintura e modelagem
Nise foi pioneira também no trabalho de pesquisa das relações e laços afetivos entre pessoas e animais no tratamento de transtornos psíquicos, chamava-os de co-terapeutas, e teve que enfrentar seus opositores que envenenavam os seus auxiliares gatos no hospital.
Em 1956 funda a Casa das Palmeiras, uma clínica voltada para a reabilitação de antigos usuários de instituições psiquiátricas.
Faleceu em 30 de outubro de 1999, na cidade do Rio de Janeiro, deixando um grande legado à saúde mental no Brasil.
Drª Nise da Silveira é um grande exemplo de garra e luta na emancipação das mulheres, um veículo de cidadania e dignidade aos usuários de serviços de saúde mental e um referencial aos profissionais. 04/03/11.